Lama do Alphaville invade casas na Granja Viana

Era noite quando recebi o telefonema do meu amigo, me pedindo para alertar a mídia sobre o que estava acontecendo nas casas da sua rua, no condomínio Inpla, aqui na Granja Viana. Ele estava muito abalado, falava da lama “sem fim” que havia desabado do loteamento Alphaville para dentro das casas dos seus vizinhos.

Resolvi ir até o local. “Acho melhor colocar minhas galochas” Pensei.Foi o melhor que fiz. Quando cheguei a casa, encontrei uma cena desoladora. Havia umas vinte pessoas tentando remover a lama que havia sido trazida do loteamento Alphaville.

“Esta é a terceira vez que isto ocorre” desabafou a moradora. “A vontade é de arrumar minhas coisas e ir embora daqui agora mesmo”.

Difícil de entender como um loteamento deste porte pôde deixar uma situação destas ocorrer.

Procurei uma explicação com João Galvão, especialista na área de consultoria ambiental, conhecido e respeitado em nível nacional e internacional.

Qual a explicação técnica para o acontecido?

Acredito que a questão mais grave do loteamento Alphaville seja a falta de planejamento na implantação de um empreendimento deste porte.

Primeiro foram retirados, nos período de 6 a 8 de setembro de 2009, de uma área total de seiscentos e oitenta mil metros quadrados, trezentos mil metros de vegetação. Entenda. Esta vegetação além de proteger da água de superfície também proporcionava a sua infiltração mais homogênea por todo solo.





Segundo, e talvez ainda mais grave, foi que a Alphaville Urbanismo não executou um projeto de drenagem adequado. Com isso, entre outras coisas, todo material sedimentado foi levado pelas águas das chuvas e acabou assoreando o rio Potium que estava no loteamento, impactando as áreas de preservação permanentes (APPs). Cabe mais esclarecimento: as APPs são protegidas por lei federal.

Dando sequencia a sucessão de “desencontros”, a Alphaville Urbanismo ainda instalou um sistema de coleta de água, digo lama, pressionando os muros de divisa do condomínio, mais especificamente sobre as casas da Rua Estados Unidos, que não foram projetados para funcionarem como barragem ou diques de contenção.

O “gran finale” foi a terraplanagem dos morros, com o intuito de ampliar a área de lotes a serem vendidos. A terra retirada neste procedimento ficou exposta e com as chuvas, claro, foi deslocada.

Qual a sugestão que o senhor dá para Alphaville Urbanismo tratar este assunto?
A primeira medida seria escutar os moradores do condomínio Inpla, de preferência com um especialista para tratar do caso, um Relações Públicas, por exemplo.

A segunda medida é estudar e implantar urgentemente soluções técnicas eficientes e eficazes para barrar a possibilidade de novas inundações, por meio de um corpo técnico de engenheiros competentes e devidamente preparado para gerir este tipo de situação.

Por final, acredito que a Alphaville Urbanismo precise repensar a forma de concepção e implantação de um loteamento deste porte com características de sustentabilidade, reavaliando a competência das pessoas envolvidas no processo. Caso nenhuma destas ações seja tomada de forma imediata, a orientação é embarcar a obra para que as barragens sejam realizadas de forma a segurar as águas.

Fonte: Cotia Todo Dia





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