Galpão em Alphaville é mais caro que em Londres

A lei da oferta e da procura nem sempre é tão justa quanto deveria. Afinal, é ela quem baliza os preços do mercado imobiliário. E, por conta dela, o mercado corporativo de Alphaville, desta vez os galpões industriais, utilizados, principalmente, para guardar mercadorias, vivencia o seu auge, com preços lá nas alturas.

No passado, dois eixos distintos atraíram os investidos de galpões industriais: as margens das rodovias Anhanguera e Bandeirantes e, de outro, da Castello Branco. A intensa procura fez com que os preços subissem. Como resultado: hoje, o preço cobrado no eixo da Castello Branco, por exemplo, está mais caro do que em Londres, quando se leva em conta o preço do metro quadrado para locação.

Pesquisa da consultoria Colliers International Brasil mostra que o preço de locação na região próxima à Castello subiu 22,8% no primeiro trimestre deste ano sobre igual período de 2010. O eixo da Castello, considerado um dos principais para armazenagem e logística, é o quarto mais caro do mundo.

De acordo com a consultoria, que fez o levantamento em 140 cidades de 52 países, o aluguel na região está, em média, em R$ 23,50 o m². A demanda por galpões está aquecida em todo o país, e não há como atender no curto prazo, segundo Pedro Candreva, da Jones Lang LaSalle. “Uma multinacional que aumentou a produção de sabonete e pasta de dente para o Norte e Nordeste não encontra espaço para armazenar nessas regiões”, diz.





A procura é maior por empresas do varejo e por indústrias automobilísticas. O caminho é as companhias migrarem para regiões menos valorizadas.

“É o caso do Vale do Paraíba, onde o aluguel está entre R$ 13 e R$ 16”, diz Rafael Camargo, sócio-diretor da Binswanger. Outra tendência do mercado é construir galpões em condomínios. “Nesse modelo, é possível diluir os investidores. É maleável e reduz custos”, diz Ricardo Betancourt, presidente da Colliers.

Migração
Com preços 25% abaixo da média e áreas reaproveitadas de antigas fábricas, o Vale do Paraíba começa a surgir como potencial mercado para investidores e opção para empresas que procuram instalações de logística e armazenagem.

Segundo estudo da Herzog, empresa de consultoria em imóveis industriais e comerciais, o interior de São Paulo possui 1,6 milhão de metros quadrados de área construída de galpões e condomínios industriais, de um total de 2,8 milhões em todo o estado.

O Vale do Paraíba representa 21,5% do interior e 12% do estado. De acordo com o levantamento, 75% de seu estoque é composto por imóveis antigos que foram adaptados para o uso de condomínios industriais.

O movimento começou a partir de 2006 quando empresas de grande porte – a maioria com áreas grandes demais para mercados em declínio – optaram por transformar seus imóveis em condomínios, alugando os espaços vagos para outras companhias. Foi o caso da Kodak e Lolypop, segundo a Herzog.

Fonte: Folha de Alphaville





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