Alphaville vive uma nova fase, avalia Renato Albuquerque

Renato Albuquerque, presidente da Alphapar (Alphaville Participações S/A) e um dos idealizadores de Alphaville ao lado de Yojiro Takaoka, fala sobre o novo Alphaville, que concentra investimentos empresariais, vivenciando um novo boom imobiliário, com exclusividade à Folha de Alphaville.

Sentado à mesa de sua sala de reuniões, Renato lembra a época em que rabiscou no papel a configuração da alameda Rio Negro. “Quando fiz o rabisco, uma via com três faixas de rolamento, nos dois sentidos e um canteiro central, me chamaram de louco, de tudo quanto é nome”, lembra. Ainda hoje, a avenida rabiscada no meio de uma área desocupada, longe da capital, continua a ser o principal corredor viário do bairro, aliás, porta de entrada e de saída.

Sem falsa modéstia, ele confirma apenas o reconhecimento por ele e seu parceiro serem visionários. “Quase 40 anos depois, o sistema viário é o mesmo. Há congestionamentos, sim, mas não está saturado. É lógico que, a partir daqui, é preciso o investimento mais presente da administração pública, com a ampliação da malha viária, e que essas novas vias sejam projetadas para suportar o tráfego nos próximos anos”, ensina.

Albuquerque tem plena certeza de que os prefeitos de Barueri e de Santana de Parnaíba, Rubens Furlan e Silvinho Peccioli, respectivamente, que dividem a administração de Al­phaville, podem contar com os investidores que estão no bairro. “Fizemos a canalização do Córrego do Garcia em parceria. Participou a Alphaville Urbanismo, a Tamboré S.A. e inúmeros outros parceiros. Não acredito que nos dias atuais alguém fugiria à responsabilidade. Basta a convocação. Fazer o projeto, avaliar os custos e dividir entre os grandes, aqueles que têm maior presença e, portanto, maior capital na região. Todos ganham quando há planejamento e investimento. Os prefeitos poderiam fazer um chamamento aos empresários (aos grandes) e não àqueles que mantêm uma única empresa, para que participem efetivamente dos projetos, entrando com recursos e também com ideias.”

Entre outros, Renato defende a abertura do novo acesso à rodovia Castello Branco – projeto discutido e prometido pelo prefeito de Barueri. “Sei da intenção da construção do viaduto e de uma espécie de minianel viário, envolvendo a Tucunaré e a Marcos Penteado de Ulhôa Rodrigues, além da rodovia. Nesse caso, por exemplo, a prefeitura poderia recorrer à parceria, para que tudo não fique na dependência do poder público. Acredito que todos colaborariam, porque todos têm interesse em melhorias da malha viária.”

Ao mesmo tempo, ele também se posiciona como favorável ao investimento em transporte público de qualidade. “A linha do metrô ou do trem daria novo fôlego ao bairro”, avalia.

O empresário diz que o grande problema de Alphaville são os anexos. “Alphaville, quando idealizado, eram os residenciais  Alpha 1 e Al­pha 2, além do clube e da área empresarial/industrial. O que veio depois são anexos, não são o Alphaville pensado e idealizado. O problema é que esses vieram sem a infraestrutura necessária, uma característica marcante do bairro.”





De acordo com ele, atualmente, Alphaville vivencia sua terceira fase. “A primeira foi a concretização do projeto, a segunda sua ocupação e agora assistimos à sua reconstrução. Alphaville está sendo modernizado. Não é difícil encontrar dentro dos residenciais uma casa sendo derrubada para dar lugar a outra, maior e mais moderna. O mesmo acontece fora dos muros. Prédios antigos também serão derrubados, assim como fizemos com o antigo supermercado Compre Bem, na alameda Madeira. Não era um prédio ruim, mas era um prédio antigo, inadequado para o bairro.”

E, nessa terceira fase de Al­phaville, a verticalização deixa sua marca. “O problema não é o progresso. Não sou contra ele. Mas você sabia que os prédios residenciais não dependem de estudo sobre o impacto ambiental?”, questiona. Para ele, a ocupação vertical é muito rápida e provoca mudanças bruscas, nem sempre favoráveis.

“Para se ter uma ideia, há quase 40 anos, quando surgiu Alphaville, o residencial 1 foi criado com mais de mil lotes. Ainda hoje, ele tem pouco mais de 800 casas. Ou seja, foram 40 anos sem que houvesse a ocupação total. Já com os prédios, a situação é diferente. Um prédio coloca em poucos meses cerca de três mil pessoas em um único lugar e aproximadamente 1,5 mil veículos. E não é só isso. Para construir um prédio, você utiliza a rede de esgoto que passa pelo local, a pavimentação que já está pronta, a rede de energia. Daí, quando enfrentamos apagões e falta d’água, cobramos a AES-Eletropaulo e a Sabesp, mas esquecemos de exigir que os investidores se preocupem com a infraestrutura antes mesmo de dar início à construção.”

Renato acredita que se as exigências fossem as mesmas para todos que chegam, como investimentos na infraestrutura e melhorias no entorno, a situação seria bem melhor. “Cada um fazendo a sua parte, fica mais leve seguir em frente”, ensina. Ele lembra que o seu novo empreendimento – o hotel da rede Blue Tree, que ficará na alameda Madeira – deverá provocar pouco impacto. “Ele fica na Madeira, uma via importante, mas não um corredor do bairro. Portanto, a circulação de veículos não deverá interferir no trânsito do bairro”, diz.

O empresário ressalta ainda que Alphaville mantém suas características originais. “Mantemos a vida de bairro, onde as casas não têm muros, os gramados são mantidos, as crianças continuam a brincar tranquilamente, andando de bicicleta, e muitos utilizam as alamedas como corredores para a prática de esportes. Aqui, é possível ir ao banco, à padaria, ao médico, à cabeleireira, caminhando, e também comer um pastel de feira na alameda Purus.” É por isso que Alphaville ainda encanta e atrai muitos moradores e investidores.

Fonte: Folha de Alphaville





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